Muitas ideias, pouco espaço. 🌊⛵
Ao tentar dizer muito, podemos acabar não dizendo nada.
Tempo de leitura: 4 minuto e 54 segundos
Temas principais: eliminando ideias, reflexão ou prática, e entrando no campo da ação.
⛵ Veleiro
Reflexões e dicas práticas
Um copo de refrigerante cheio de gelo.
Quero que você lembre dessa imagem quando reler um texto que escreveu e perceber que ele está genérico ou superficial. Vou explicar por quê.
Imagina que você leu um livro incrível sobre como trabalhar de forma mais produtiva. O conteúdo impactou você ao ponto de motivar a escrita de um texto para compartilhar esse conhecimento na sua newsletter. Você senta e começa a escrever sobre gestão do tempo, hábitos matinais, técnicas de concentração, além de incluir reflexões filosóficas sobre estado de presença, propósito e capitalismo.
Seu objetivo é dizer mais com menos palavras, resumir as ideias mais importantes, listar os insights mais práticos. Ou seja, você está tentando recriar em alguns parágrafos o mesmo efeito que um livro precisou de dezenas de páginas para ter em você. Percebeu o problema?
Quando temos muitas ideias e pouco espaço, corremos o risco de tentar dizer muito e acabar não dizendo nada.
Acontece comigo o tempo todo.
Muitos dos meus primeiros rascunhos têm uma alta concentração de ideias. Nessas horas, lembro do copo de refrigerante cheio de gelo. Faço a seguinte associação: o número de ideias em um texto é como o número de pedrinhas de gelo que colocamos em um copo de refrigerante.
Quanto maior a quantidade de gelo, mais aguada e sem gosto a bebida fica. Da mesma forma, quanto maior a quantidade de ideias, mais genérico e superficial o texto fica.
A escrita não impacta apenas pelas informações que incluímos, mas também por aquelas que intencionalmente deixamos de fora.
Cada ideia que eliminamos, cada parágrafo que encurtamos, cada frase que deletamos abre espaço para as ideias, as frases e os parágrafos que sobram serem melhor elaborados, aprofundados e refinados.
Experimente fazer este exercício. Ao editar um texto que você escreveu, leia cada frase e se pergunte: Se eu eliminar este trecho:
O texto fica confuso, incoerente ou desconexo?
O texto perde autenticidade, originalidade ou fluidez?
Se sua resposta for não para essas perguntas, experimente eliminar a frase. Considere, então, que outros detalhes você pode incluir no espaço que criou no texto para torná-lo mais coeso, surpreendente, fluido e profundo.
☝️ Me responde uma pergunta?
Você que chegou há pouco aqui neste espaço, boas-vindas. E você que já está aqui há algum tempo, obrigado pela leitura.
Quero conhecer melhor quem está do outro lado da tela para seguir compartilhando conteúdo relevante.
Você que chegou faz pouco, qual o seu maior desafio ou ambição para ao escrever ou criar conteúdo?
Você que já está aqui há algum tempo, como o conteúdo da newsletter já ajudou você a melhorar a escrita ou criação de conteúdo?
Sua resposta não precisa ser elaborada (mas quanto mais elaborada, mais feliz eu vou ficar). É simples. Basta responder a esse email ou deixar um comentário no Substack. Obrigado. :)
🧭 Bússola
Respostas para perguntas enviadas por leitores
“Diego, qual a diferença entre ensinar de forma reflexiva e de forma prática através da escrita? Meu caminho primário é escrever um texto do tipo 5 dicas para fazer XYZ.
Ensinar a prática de forma simples através da escrita é um desafio a cada edição que escrevo da minha newsletter e vejo que você faz muito bem isso aqui.”
[A pergunta foi editada para destacar os pontos principais.]
Fico feliz que você reconhece essas qualidades nos meus textos.
Penso que a diferença crucial entre usar a escrita para ensinar de forma reflexiva e de forma prática está na quantidade de informação que compartilhamos.
Textos que tentam ensinar de forma prática costumam compactar uma grande quantidade de conhecimento em poucas palavras. A ambição é tentar cobrir o máximo de território sobre um assunto. Por isso as dicas, as listas, os passos.
A intenção é nobre: cortar a enrolação e ir direto ao que importa. Para que certas ideias tenham o impacto desejado, entretanto, elas precisam ser apresentadas em um contexto.
Quando escrevemos focados demais em praticidade, às vezes sobra apenas o esqueleto do nosso conhecimento. Sem pele, sem carne, sem vida.
Um texto que ensina de forma reflexiva não mede a praticidade de um aprendizado apenas por sua aplicação imediata, mas também pelo estímulo que cria no leitor para mergulhar mais fundo no assunto após a leitura.
Faço isso guiado pelos princípios da escrita essencialista de priorizar profundidade em vez de abrangência, qualidade em vez de quantidade, insights em vez de ideias, sabedoria em vez de conhecimento.
Os aprendizados mais profundos não são conclusões, mas sensações.
Uma confiança sutil, uma surpresa familiar, um entusiasmo curioso. Esses são sinais de que algo significativo se reconfigurou dentro de nós. São sinais de que uma reflexão se transformou em uma intuição.
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🌊 Ondas
Indicações e referências
Um recadinho do James Clear:
"A vida recompensa ação, não inteligência.
Muitas pessoas brilhantes se convencem a não começar, e ser inteligente não ajuda muito sem a coragem de agir.
Você não pode vencer se não estiver participando do jogo."
Em que área da sua vida você está com medo de participar do jogo? E se hoje você desse um pequeno passo em direção ao campo?
Até a próxima edição.
Abs, Diego
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Eu reli o artigo algumas vezes antes de vir aqui. Obrigado pela análise, obrigado pela ferramenta, e obrigado pelos aprendizados. Essa edição por si só sintetiza muito na estrutura a última pergunta que fiz. É incrível ver como se dá para escrever textos úteis, profundos e práticos, sem parecer mais um texto blog post com a mesma técnica de copy. Obrigado por responder a pergunta ✨
Que texto útil e encorajador! Aliás, essas são características que estão sempre presentes quando você escreve.