Intenção define impressão 🌊⛵
A variável que molda a opinião do leitor sobre você e sobre suas ideias.
Tempo de leitura: 3 minutos e 18 segundos
Temas principais: o impacto da sua intenção para escrever, maldição do conhecimento, e encontrando sua voz autêntica e autoral na escrita.
⛵ Veleiro
Reflexões e dicas práticas
Você quer escrever um texto de impacto.
Por isso, se concentra em aprofundar ideias, estruturar uma narrativa e selecionar os melhores argumentos para defender sua perspectiva.
Mas mesmo com insights surpreendentes, um raciocínio sólido e embasamento técnico, seu texto pode não impactar o leitor como você gostaria. Porque a percepção sobre o que você escreve é sempre moldada por uma variável comumente negligenciada: sua aparente intenção para escrever.
O impacto de um texto pode ser avaliado pelo diálogo interno que ele provoca no leitor.
Esse diálogo se manifesta – de forma consciente ou inconsciente – em frases que vem à mente ao longo da leitura, tais como:
“O tema deste texto me parece relevante.”
“Essa pessoa articula suas ideias com confiança.”
“A perspectiva dessa autora me fez questionar algo em que sempre acreditei.”
Certas passagens de um texto podem ter um impacto negativo. Nesses casos, a mente do leitor provoca um diálogo interno com um tom defensivo.
“Que autoridade essa pessoa tem para escrever sobre esse assunto?”
“Esses dados foram exagerados apenas para provar um argumento.”
“Esse raciocínio me parece frágil, parcial e incoerente.”
Essas reações defensivas minam a credibilidade do texto e aumentam o senso de distância entre quem escreve e quem lê.
Como podemos, então, escrever textos capazes de evocar um diálogo interno que tenha um impacto positivo no leitor?
Falo com frequência sobre técnicas para elevar o nível de autenticidade, simplicidade, intenção e fluidez de textos. Aqui, quero reforçar a variável que mais influencia esses quatro elementos: sua aparente intenção para escrever.
A primeira vista, parece óbvio.
Sua intenção para escrever pode ser demonstrar seu expertise, persuadir certas pessoas a mudar de perspectiva ou motivar um grupo a agir de certa forma. Não há nada de errado com esses objetivos. O problema é deixar que eles influenciem você a sacrificar a integridade de um raciocínio para destacar – ainda que de forma involuntária – o efeito que você deseja que o texto tenha em quem lê.
A percepção do leitor sobre sua intenção para escrever define a opinião dele sobre você e sobre suas ideias.
O foco excessivo em demonstrar expertise pode despertar desinteresse.
“Essa pessoa está mais preocupada em exibir seu conhecimento do que em me ajudar.”
O foco excessivo em persuadir pode gerar resistência.
“Esses argumentos só funcionam na teoria e não se aplicam a minha realidade.”
O foco excessivo em motivar uma ação pode evocar desconfiança.
“Esse texto está tentando me manipular a fazer algo que beneficia quem o escreveu.”
Na visão da escrita essencialista, a intenção primária de todo texto é compartilhar sua melhor contribuição sobre um tema.
É convidar para pensar junto, para sentir junto e, acima de tudo, para estabelecer um diálogo interno estimulante com seus próprios objetivos, desafios, valores e prioridades.
Vem daí a percepção de que sua intenção é compartilhar verdades em que você acredita. Vem daí a abertura e a confiança para acreditar no que você diz nos seus textos. Vem daí a escrita com potencial de ter maior impacto positivo no leitor.
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🧭 Bússola
Respostas para perguntas enviadas por leitores
“Diego, acho que sofro da maldição do conhecimento porque considero meus textos bons, mas várias pessoas acham minhas ideias confusas. Como traduzir meu conhecimento de forma mais simples?”
A maldição do conhecimento impede você de lembrar como era não saber algo que você sabe agora.
🌊 É esquecer que outras pessoas ainda estão aprendendo a remar enquanto você já navega em mar aberto.
⛯ É esquecer que outras pessoas ainda estão perdidas na névoa do porto enquanto você já avistou um farol.
🤿 É esquecer que outras pessoas ainda estão perdendo o medo da água enquanto você já mergulha nas profundezas do oceano.
A maldição do conhecimento é uma das grandes responsáveis por textos com saltos no raciocínio, que impedem o leitor de se envolver com as ideias apresentadas. Para evitar que isso aconteça, me guio pelos seguintes princípios:
Descrever ideias e conceitos sem usar termos técnicos.
Transformar explicações abstratas em linguagem concreta.
Desenvolver raciocínios que revelam os bastidores da minha perspectiva.
Com esses princípios em mente, consigo traduzir o que sei em textos focados no que minha audiência deseja saber.
Quer me mandar uma pergunta? Basta responder esta mensagem.
🌊 Ondas
Inspirações e referências
Um amigo me mandou esta citação do Merlin, o mago, profeta e conselheiro do rei Arthur:
“Chegará um dia em que você vai compreender que todo o universo vive dentro de você. Então você será um mágico. Como mágico, você não vive no mundo. O mundo vive dentro de você.”
Essas palavras me parece conversar com a jornada de encontrar sua voz autêntica e autoral na escrita:
Chegará um dia em que você vai compreender que todos os textos que você quer escrever vivem dentro de você. Então você vai navegar o que você sabe com confiança. Essa confiança vai revelar que você não busca ideias no mundo. O mundo é que te convida a buscar ideias dentro de você.
Até a próxima.
Abs, Diego
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